KINEMANDARA: O PONTO DE MISTÉRIO DO CINEMA BRASILEIRO por Carlos Pará



 

30 ANOS DE CINEMA DO INVISÍVEL -  

"- Nossa História só terá realidade quando o nosso Imaginário a refizer, a nosso favor . VFC - Manifesto Curau.

"- Agora, abrir os olhos. Agora, começar a sonhar o sonho de ver como somos vistos". VFC : "Tarkovsky: Através de uma fina película transparente".

"Existem mais coisas entre nós e a realidade do que os nossos olhos podem pensar" VFC
 
V icente Franz Cecim


Volta a ter sua produção cinematográfica exibida na cidade.   " KinemAndara: 30 anos de Cinema do Invisível." curtas-metragens poéticos produzidos em Belém na década de 70 em super-8 mm. Os filmes foram, pela ordem de realização: 'Matadouro(1975),Permanência (1976), Sombras(1977), 'Malditos Mendigos(1978)' e 'Rumores(1979)', que eram projetados em cineclubes, garagens, auditórios, passava em qualquer lugar, onde desse para ligar o projetor, armar a tela, mandava ver. Os anos de 1975 até 1980 apesar de ser um caminho exaustivo de Cinema e Loucura para VFC, foi principalmente, um ritual sagrado, solitário, existencial e essencial. Enquanto as fábricas de filmes estimulavam o consumo de máquinas de filmar para registrar "os momentos felizes da sua vida", batizado, casamentos, aniversários, piqueniques, passeios, Cecim utilizava sua Câmera como um meio de interrogar, espreitar as aparências da realidade e ir até as últimas conseqüências com seu roteiro que era abandonado logo no começo das gravações, pois nada do que tinha sido filmado obedecia ao que tinha sido escrito, captava a realidade em frames fora ou além da ótica estabelecida como beleza e como verdade, " espelhos de mistérios, revelando outros mistérios",  poemas visuais em Super-8, Cinema com um custo relativamente barato. As principais dificuldades de se fazer Cinema na época são as mesmas de hoje: falta de dinheiro e a insensibilidade para criar, imaginar e ser.
 


Cada rolo tinha três minutos de gravação e na hora de editar aproveitava por completo as filmagens e tudo ia pro filme, não perdia nada na seleção e organização das imagens, já sabia o que queria, quando colocava a Câmera, já sabia o que ia fazer, dessa forma acreditava e fazia os filmes, como tudo é miragem,  tinha miragens, tanto as recordações, projeções e especulações sobre o futuro, quanto miragens do presente, miragens imediatas. Se não fosse uma miragem não havia a poética, então, porque fazia arte? Por que não só viver, ouvir, ver, se conformar com tudo o que está pronto e condicionado para nós vivermos. É preciso recriar, ver a realidade através de uma fina película transparente? Colocar uma fina película entre o olhar e a realidade.   VFC concretizava seus sonhos que hoje possuem um grande valor artístico e documental. Na época o material que utilizava era uma pequena máquina de super-8 com filmes da Kodak, depois de filmar, enviava para revelar em São Paulo através do Foto Keuffer, e depois voltava, pronto para serem exibidos. Depois que parou de fazer seus filmes, p or uma questão de princípios, deu todo seu equipamento. Tinha decidido dedicar-se unicamente a um novo Caminho "VIAJAR A ANDARA", determinou fazer uma coisa só, para avançar, ir mais fundo na sua Existência, pois havia a Intuição que um novo caminho devia ser seguido, o Caminho da Escritura. A partir de 1979, ano que realizou do seu último filme "RUMORES", escreveu e publicou o seu primeiro livro "A asa e a serpente", primeiro passo do seu Projeto de "Andara - O livro invisível". E assim se impôs a Literatura como um ritual único. Seus filmes têm muito da Literatura pelo poético, e seus livros têm muito do Cinema, pelo visual. Não fazer filmes foi uma escolha radical e com isso deixou esquecidos seus trabalhos e levava-os consigo como o inconsciente que de quando em vez se manifesta. Atualmente os pequenos rolos de filmes em super-8 se encontravam dentro de seu Caos onde mora, serenos, perdidos dentro de um saco de plástico com a boca amarrada debaixo duma televisão que nunca é ligada, onde por ocasião desta Mostra realizado pela Revista PZZ nos dias 17 e 18 de Março no Cine Líbero Luxardo em parceria com o Governo do Estado do Pará através da Secretaria de Cultura e do MIS-PA, resolveu guardar no Museu da Imagem e do Som – Pará, para preservá-los. Em 2005 os filmes voltaram a ser exibidos, no formato digital, em Belém e em São Paulo, incentivado pelo Projeto de resgate dos resíduos, dos raros vestígios do Cinema paraense, desenvolvido pela Universidade Federal do Pará, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ.
Os filmes foram restaurados e adaptados à tecnologia digital, um processo de filmagem da projeção dos filmes e digitalizados para DVD, assim, puderam garantir a salvaguarda do conteúdo e da sua informação histórica, pois seus filmes mostram aspectos da realidade de Belém em outras épocas e dos esquecidos em sua ótica visionária poética numa trilha sonora emocionante. 
Os filmes dialogam com o invisível que não podemos ver. Não é cinema mudo nem falado, é uma organização intuitiva de imagens, silêncio e música  que se compõe num mosaico onírico. O cinema sempre fala como linguagem para dialogar, transmitir a emoção, a miração, a migração, o ato de olhar do autor. "Kinema = Movimento, Andara = Andar= Amazônia, Kinam Andara, revela imagens que não se vêem habitualmente, a imagem da morte, a imagem dos esquecidos, a imagem da velhice, a imagem da transitoriedade das coisas, a imagem interior, o silêncio e o vazio são povoados de alucinações e significados. Fazer filme não com o olho que vê ou o olho mecânico da máquina que filma, fazer com o desespero e com a alma, louco, apaixonado a filmar,  a iluminar, a editar, sonorizar, incansável no seu ofício mágico e alquímico, solitário em seu ritual sagrado, existencial-essencial, pessoal-impessoal, para expressar a matéria-prima da vida, alguma coisa brutal noutro sentido figurado, para as pessoas se tocarem.   Mostrar a realidade bruta trans-figurada, experimentar, recriar cenários. O cinema trabalha com a matéria-prima pré-existente,  a libertar o sentido das coisas, criando um mundo inteiro com as imagens diferentes do que são usadas, faz entrar num espelho energético e voltar desconhecido, diferente do que era antes, com aparências de realidade e o Cinema não depende só da realidade para existir, entrar num espelho de mistérios e ver-se como mistério é o que VFC queria mostrar,  queria olhar, ver-se, na vida, na tela, até conseguir captar a dimensão oculta na realidade visível. E por isso Kinem A ndara é o Cinema do In-visível.


Existe um rico Universo imagético com raízes na memória do homem moderno, mas que este não tem acesso, permanecendo oculta ou ignorada, sua fonte original de criação, que se encontra invisível aos olhos e insensível ao coração, não pertencendo ao universo da percepção profunda da noção de realidade que regem nossa compreensão do mundo e de nós próprios. Todas as coisas que acontecem na Consciência se refletem a partir duma visão-vivência que renova memórias, o que está em baixo (inconsciente-passado) assemelha-se ao que está em cima (vivência). Uma linguagem de grande riqueza imagética pelo recurso da poética, dos momentos de iluminação, da fotografia e do movimento das cenas com alegorias fantasmagóricas, e aos jogos de imagens na busca pelo elemento de mistério das coisas, re-vela o Kinem Andara.

V icente C ecim faz parte das Vozes que se insurgem contra a mediocridade e ao modo de produção mercadológico que se transformou o Cinema, revela a coragem e a vontade em utilizar para benefício próprio as técnicas de Comunicação contra o niilismo e as concessões que o cenário audiovisual se define e se resolve em expressões obscuras.
Sempre que falamos abertamente não falamos nada, sempre que usamos uma linguagem que recorremos às imagens, ocultamos a verdade. E tudo o que dissermos duma Obra de Arte será insufi[ciente ou inútil.  Diferente é a experiência de nos iniciarmos diretamente em seus filmes.

"Quando sós, face a face com eles, sempre nos falam com ampla generosidade, se entregando profundamente, em retribuição ao nosso silêncio . Respeito e prudência, ao falarmos deles, então se impõem. Deixar que eles se digam. E, previamente, apenas deles falar por alusões.
 


Esse est percipi/ Ser é ser percebido – nos diz Berkeley.                                           E quando o olho humano vem fazer companhia a esse Olho mecânico, vem humanizá-lo, digamos assim, no sentido pleno  das visões, intuições, carências, indagações, ilusões, possíveis saberes,  esperanças, miragens, que fazem dele um olho humano?                               
Esse est percipere / Ser é perceber -  nos diz Berkeley.
 "Um filme de Vicente Cecim sendo então uma dessas raras oportunidades que nos são dadas pela Via Estética de confrontar - no sentido já dissimulado pelo uso mais ainda vivo na palavra, de colocar frente a frente - vida e homem, o percipi e o percipere , o percebido e o perceber. (A imagem e o olhar).
Bergson nos diz: Se 'percipi' é passividade pura, o 'percipere' é pura atividade.
A fina película então é o elemento intermediador entre a epiderme do Real, que se entrega a Cecim em percipi , se deixando ser percebida, e lhe permite o ato de percipere , perceber e, o por ele percebido, nos revelar.
Mas, a esta altura, ainda estamos falando da fina película que é um filme, ou imperceptivelmente já ingressamos no coração obscuro do nosso assunto: já nos surpreendemos falando da matéria como uma fina película transparente situada entre o homem e Deus?
A ambivalência das palavras, ah: tanto nos naufragam como nos socorrem.
E o que leremos a seguir, ao lermos a palavra doutrina , seja lido como sinônimo da palavra vida .

Pois é implicitamente a ela, como visão de mundo de Berkeley, que Bergson se refere, quando nos diz: Dela nos aproximaremos se pudermos atingir a imagem mediadora (...) - uma imagem que é quase matéria, pois se deixa ainda ver, e quase espírito, pois não se deixa tocar – fantasma que nos ronda enquanto damos voltas em torno da doutrina e ao qual é necessário que nos dirijamos para obter o signo decisivo, a indicação da atitude a tomar e do ponto para onde olhar.
É permitido ao homem, através da mediação da Arte, não somente percipere/perceber mas também dar a perceber aos outros homens o que, através da fina película transparente, percebeu?
No cinema, em todas as épocas, a alguns, isso foi consentido: Bresson, Ozu, Antonioni, Dreyer, mais recentemente a Alexander Sacha Sokurov, Tarkosky e ao próprio Cecim.
 "Diante do Abismo que é o Assombro de existirmos, humanos, face a face com a espessura e as transparências da Vida que nos habita e na qual habitamos, sutis como uma sombra, densos como um corpo, deveu ser grato a eles, pela vertigem que em nós sempre despertam, pelas quedas para o alto em que sempre nos precipitam, nos impedindo de adormecer na desoladora fronteira que inventamos para nossas omissões, no passo que não damos, entre o Imanente e o Transcendente."
Tarkovsky entendeu o Cinema como a arte de Esculpir o Tempo .
E no livro que escreveu com esse título, e não apenas através das imagens dos seus filmes, nos fala de uma urgência alarmante: - O homem moderno não quer fazer nenhum sacrifício, muito embora a verdadeira afirmação do eu só possa se expressar no sacrifício. Aos poucos vamos nos esquecendo disso, e, inevitavelmente, perdemos ao mesmo tempo todo o sentido da nossa vocação humana.
Que vocação é essa?
A vocação de uma entrega total, de um consentir permanente que luzes lampejem em nós, nos permitindo ver - mesmo que por breves clarões, na vida como numa escura sala de projeções, sacrificando nossas consolações vazias, nossas paixões condenadas a cinzas, nossa avidez de um agora efêmero – aquela que ama ocultar-se e que, em seu Pudor, é a Fonte
Permanente do nosso mais intenso fascínio?
Clarões.
Ainda que estonteantes, cegantes. Mas de uma cegueira que nos liberte de continuar vendo através de um cristal escuro e nos conceda outros olhos capazes de ver através dessa fina película transparente situada entre o homem e Deus - sabemos o que essa Palavra significa, em todas as suas metamorfoses.
É esse o olhar que reivindicava Berkeley, segundo Bergson.
E esse é o olhar que buscou Franz Cecim, com seus filmes que são fendas abertas na espessura da matéria, e que ele, também, reivindica como Tarkovsky, quando afirma:
- E o que são os momentos de iluminação, se não percepções instantâneas da verdade?
Ou quando denuncia:
- A moderna cultura de massas (...) está mutilando as almas das pessoas, criando barreiras entre o homem e as questões fundamentais da sua existência, entre o homem e a consciência de si próprio enquanto ser espiritual.
São palavras que devemos manter acesas em nós quando as luzes
se apagarem e os filmes começarem a cintilar para os nossos olhos.

Nesses Templos de um tempo sem templos em que podem se transformar as salas de projeções, ante filmes como os de Cecim, já não se trata de simplesmente ver, mas de penetrar profundamente, através da fina película transparente que o seu cinema nos oferece, até nos revelarmos a nós mesmos, e orando em silêncio:
- Agora, abrir os olhos. Agora, começar a sonhar o sonho de ver como somos."


A alusão aqui acima é ao texto de Vicente Cecim "Tarkovsky: Através de uma fina película transparente", que nos remete à própria idéia central do pensamento de Vicente . E assim, passo a passo, nos damos conta que foi dito, algo sobre o cinema de Vicente Cecim, ele próprio por ele próprio, mas obliquamente: por reflexos de vozes ecoando em espelhos que constroem sua Imagem em Movimento.

Quem inadvertidamente, penetrar neste campo semiótico, depara de súbito com um sistema caótico de referências, com uma rede de códigos e normas, de nomes e de símbolos relativos a substancias arcanas (segredos, mistérios) em permanente mutação, em que aquilo que é aparente, pode ter sempre um significado diferente do que aparenta-ser e a noção de que a projeção dos fenômenos oníricos não podem ser manipulável a não ser por alusões.

Para Marcelo Ariel que viu os filmes de Cecim na PUC de São Paulo em Abril de 2005, fala na Revista Critério que " são filmes que transfiguram o sentido das imagens e se inserem como 'documentários do fantasmagórico' incrustado em nossa 'ficção-vida' 9 ela mesma um sonho onde sonhamos que não sonhamos como nos lembra Borges). (...) Cecim é um criador radical que trabalha entranhado entre o ser e o não-ser evitando separar os dois do sagrado porque ele em sua obra sobrevoa dualidades que se dissolvem num estado poético acessível a qualquer um dotado de sensibilidade que ele chama "nos dando a chave" de VER A TERRA DO CÉU.
Vicente Cecim pode ser entendido de modo mais livre do que os outros do seu tempo que tentaram fazer Cinema, senão de modo mais evidente e mais claro, com um Cinema mudo de uma extrema complexidade na sua expressão. Mais do que imagem-palavra, miragens. Através da miração do olhar e do pensamento do cineasta atingir o intelecto-coração do espectador num processo alquímico de revelação transformando a massa cinza do cérebro em massa de verdade e transubstanciação do espírito. O conhecimento visionário, substitui a compreensão literária do texto, a compreensão imagética do filme, a projeção na câmera obscura que atravessa o Olho que agora não vê, vê-se e vive-se no que sente. O olho humano é uma imagem do Universo. O branco do olho corresponde ao oceano de mistério, que rodeia o universo por todos os lados . ANDARA é o ponto central de tudo, a partir do qual se torna visível o aspecto do universo inteiro.
Para Vicente Cecim, não lhe agrada a rotação do girar, girar, girar, filmar, filmar, filmar com uma órbita rotineira. Nesse processo, misterioso e caótico, simples e violento de interpretar as coisas que não lhe incomodam mais, em que os opostos se encontram ainda in-conciliáveis, num conflito pacífico-violento, de ver e ser transformado progressivamente num estado de libertação de harmonia perfeita, a Pedra Filosofal.

"- Agora, abrir os olhos. Agora, começar a sonhar o sonho de ver como somos vistos". VFC.

"Fazer um filme foi e sempre será um sonho, em qualquer circunstância: antes de realizar o filme, é o sonho de fazê-lo, e, depois de ele pronto, é o convite ao sonhar se manifestando plenamente. Naqueles anos, o super-8 foi para nós o que hoje é a facilidade do vídeo. Equivalia, e equivale, a ter na mão um lápis e algumas folhas de papel. Então, escrevemos, com imagens ou com palavras. Com isso se eliminava, e se elimina, ou atenua muito, o impasse, melhor dizer: o bloqueio que o dinheiro representa" .
 
 "VFC queria olhar, ver e mostrar a vida como os seus olhos e o da câmera conseguisse captar a dimensão oculta na realidade visível. E por isso KinemAndara é o Cinema do Invisível."
 
"O Cinema é o Olho que tudo vê e tudo mostra. Essa foi e será a sua essencialidade em qualquer época, qualquer tempo. Atualmente, quando parece que todos estamos vendo tudo, o mundo inteiro e o que se passa nele, acabamos não percebendo que há muito mais oculto do que de fato revelado. A comunicação de massa mistifica o Real, ilude o Homem. É manipulada conforme interesses freqüentemente sujos e suicidas para a nossa espécie. A invasão do Iraque pela América de Bush é um exemplo brutal. Há tantos. Nestes tempos que estamos vivendo, o Cinema deve assumir, com enorme responsabilidade, o desafio que Berkeley, citado acima, nos faz, e que eu entendo assim: - Dar a perceber a Realidade submersa no cristal escuro das imagens que os engenhos e maquinações das comunicações de massa, agora, nos ocultam". VFC

REVISTA PZZ - ARTE, EDUCAÇÃO E CULTURA


Revista PZZ em parceria com instituições educacionais e culturais, instituições públicas e privadas, promovem a divulgação e a valorização de diversas parcerias importantes para a realização de eventos artísticos como a Mostra de Cinema “CINEMA E MEMÓRIA DE BELÉM” com exibição dos filmes de Líbero Luxardo, Milton Mendonça e Renato Tapajós, em parceria com o Museu da Imagem e do Som (MIS-PA) e a
Fundação Tancredo Neves nos dias 12 e 13 de janeiro no Cine Líbero Luxardo.
“KINEMANDARA - 30 ANOS DE CINEMA DO INVISÍVEL” com exibição dos filmes de “Vicente Franz Cecim”, em parceria com o Museu da Imagem e do Som (MIS-PA) nos dias 16 e 17 de março de 2007 no Cine Líbero Luxardo quando voltou a ter sua produção cinematográfica exibida na cidade. "
KinemAndara: 30 anos de Cinema do Invisível." Curtas-metragens poéticos produzidos em Belém na década de 70 em super-8 mm. Os filmes foram, pela ordem de realização: 'Matadouro(1975),Permanência
(1976), Sombras(1977), 'Malditos Mendigos(1978)' e 'Rumores(1979)', que eram projetados em cineclubes, garagens, auditórios, passava em qualquer lugar, onde desse para ligar o projetor, armar a tela,
mandava ver. Os anos de 1975 até 1980 apesar de ser um caminho exaustivo de Cinema e Loucura para VFC, foi principalmente, um ritual sagrado, solitário, existencial e essencial. Enquanto as fábricas de
filmes estimulavam o consumo de máquinas de filmar para registrar "os momentos felizes da sua vida", batizado, casamentos, aniversários, piqueniques, passeios, Cecim utilizava sua Câmera como um meio
de interrogar, espreitar as aparências da realidade e ir até as últimas conseqüências com seu roteiro que era abandonado logo no começo das gravações, pois nada do que tinha sido filmado obedecia ao que tinha sido escrito, captava a realidade em frames fora ou além da ótica estabelecida como beleza e como verdade, " espelhos de mistérios, revelando outros mistérios", poemas visuais em Super-8, Cinema com um custo relativamente barato.
As principais dificuldades de se fazer Cinema na época são as mesmas de hoje: falta de dinheiro e a insensibilidade para criar, imaginar e ser.

A Revista PZZ realizou a Mostra de Cinema Político de “Renato Tapajós”, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação nos dias 03 e 04 de outubro de 2007 no Instituto de Artes do Pará em virtude do
lançamento da Edição Especial da PZZ nº 04 "Tempos de Resistência" quando trouxemos o cineasta e teve grande repercussão em Belém, na imprensa e no cenário cultural.
O cineasta Renato Tapajós esteve em Belém por nossa iniciativa, onde apresentou alguns de seus trabalhos.De forte teor político, os filmes retratam momentos cruciais da história do Brasil, como a repressão ao movimento estudantil durante a Ditadura Militar. Após os filmes, Tapajós participou de bate-papo com os espectadores. 
O cineasta projetou "Universidade Em Crise", documentário P/B, 15 minutos de duração, 16 mm, sobre
a repressão da ditadura militar na Universidade. Produzido pelo Grêmio da Faculdade de Filosofia
da USP (1966). Houve também a exibição de 'No Olho do Furacão', documentário para televisão sobre
a vida dos militantes clandestinos da luta armada em luta contra a ditadura militar no Brasil (1968 a
1974), 52 minutos, produzido pela Olhar Imaginário e co-dirigido por Toni Venturi, exibido pela TV
SENAC (2003) Exibiu "Vila da Barca" - Documentário de curta metragem sobre a favela construída sobre
palafitas em "Belém do Pará"(1964-65), prêmio de melhor documentário no Festival Internacional do Filme de Curta Metragem de Leipzig, Alemanha Oriental (1968). Duração: 10min.
O Filme Vila da Barca é o primeiro filme de Renato Tapajós. E "Em Nome da Segurança Nacional'"-
Documentário de média metragem sobre os efeitos da Lei de Segurança Nacional sobre diversos estratos
da população brasileira e a luta pela sua revogação, produzido para a Comissão Justiça e Paz
da Cúria Arquidiocesana de São Paulo (1984). Prêmio de Melhor filme no Festival Internacional de
Curta Metragem e Documentário de Oberhausen, Alemanha (1985), Prêmio Coral de Melhor Documentário no 7º Festival do Novo Cinema Latino-Americano, Havana, e sobre esse filme publicamos um texto na Revista.
A Edição Especial da Revista PZZ "Tempos de Resistência" teve o patrocínio do Banco da Amazônia, através da Lei de Incentivo à Cultura (Mecenato), Ministério da Cultura com Entrada Franca no Instituto de Artes do Pará, da Secretaria Estadual de Cultura e Secretaria Estadual de Educação trouxe em seu tema principal o texto do jornalista Paulo Roberto Ferreira "Tempos
de Resistência" mostrando um panorama da época e da resistência política e artística contra a ditadura
do regime militar que vigorou no país e no Estado do Pará.
A realização da Mostra de Cinema Político de “Luis Arnaldo Campos”, em parceria com o Cine Líbero Luxardo, Secretaria Estadual de Cultura nos dias 16 e 17 de setembro de 2008 no Cine Líbero Luxardo em virtude do Lançamento da Edição especial da PZZ nº 05 "Imprensa, Idéias e Poder" com patrocínio do Banco da Amazônia através da Lei Rouanet. Mostra de Cinema "Luiz Arnaldo Campos – O Cineasta
da Selva" no Cine Líbero Luxardo com apoio do CTAV e outras entidades ligadas a educação e
a cultura, onde exibimos no dia 16 os filmes Veias Abertas- curta metragem -16 mm – 1974. Psw-
Uma Crônica Subversiva- médiametragem 16 mm – 1986, no dia 17 de agosto - O Vento das Palavras
– curta-metragem – betacam – 2001, Histórias do Mar – curtametragem - 35 mm – 1997, Chama Verequete – curta-metragem - 35 mm – 2001 e depois da exibição dos filmes o público realizou um debate com o cineasta.
Na edição especial da PZZ referida, publicamos uma entrevista com o Luis Arnaldo Campos que abordamos como ele começou sua carreira de cineasta e de produtor de audiovisual, de militante político, de sua prisão na ditadura, do processo de sua vida quando começou a ser essencialmente o que é até hoje, um processo de retro-alimentação em que a militância política alimenta a arte e a arte alimenta a
militância política.
"Veias Abertas" foi seu primeiro filme, é um filme experimental uma releitura do livro do Eduardo Galeano "Veias abertas na América Latina". O filme é uma colagem de fotos e cines-jornal, com textos de Mário de Andrade, do próprio Galeano, tem um texto do Theodore Roosevelt, que foi o primeiro presidente norte-americano que veio na Amazônia. "Esse filme foi proibido, na época do lançamento onde teve uma sessão na cinemateca do MAM em que fomos avisados antes para tirar o filme de cena porque a
Polícia Federal ia abafar a sessão e levar a cópia do filme" Luis Arnaldo Campos, entrevista PZZ, Edição Especial nº 05.
Essa Edição também tivemos uma excelente repercussão e uma boa visibilidade do nosso Projeto cultural dando alternativas para a ampliação do acesso da população aos bens culturais que não são vinculados na
Mídia Tradicional.
Em outro âmbito fizemos um convênio com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará que viabilizou a veiculação de anúncio institucional na Edição Especial da Revista PZZ nº 06 “O Chão Vermelho de Dalcídio Jurandir” a qual teve parcerias com a Secretaria Estadual de Cultura e Fundação Curro Velho em virtude das comemorações do centenário de nascimento do escritor e militante político Dalcídio Jurandir entre os dias 09 e 16 de Janeiro de 2009 nas cidades de Ponta de Pedras, Cachoeira do Arari (Ilha do Marajó) e Belém distribuindo gratuitamente a Edição Especial da Revista PZZ nº 06 “O Chão Vermelho de Dalcídio Jurandir”.
Através desta edição o Instituto doPatrimônio Histórico e Artístico Nacional certificou ao pesquisador
e editor da Revista PZZ foi classificado em nível regional para o Prêmio RodrigoMelo de Franco
Andrade 2009, na categoria Pesquisa e Inventário de Acervos.
Por esta edição fomos convidados a participar do colóquio “Amazônias Brasileiras: imaginários e criações contemporâneas” que aconteceu nos dias 24, 25 e 26 de maio na Universidade de Nanterre em Paris.
Com essa edioção Participamos na Universidade Federal Fluminense Campus Gragoatá - Niterói - RJ no
dia 17 de agosto de 2009.
A Revista PZZ confeccionou todo o material gráfico (cartaz,catálogos,banners, crachás, do
VII Congresso Mundial da IDEA (Associação Internacional de Drama/ Teatro e Educação) que foi
realizado entre os dias 17 a 25 de julho de 2010, em Belém do Pará.
O IDEA 2010 objetivava Trocar conhecimentos sobre pedagogias artísticas, alfabetização baseada
nas artes e culturas populares e a relação entre estética, cultura e transformação social sustentável;
Advogar um novo paradigma educacional para nosso século; e, Congregar mais de mil e
quinhentos educadores, educadores comunitários, pesquisadores, estudantes, artistas e lideranças
políticas nacionais e do mundo em torno das linguagens artísticas e das culturas populares como recursos pedagógicos de sustentabilidade planetária.
Com o Tema “Viva a Diversidade Viva: Abraçando as Artes de Transformação”. O congresso IDEA
2010 pretende promover a pesquisa e o desenvolvimento sobre as artes como linguagens pedagógicas
em processos de inclusão e transformação social, capaz de responder aos desafios do século 21 e potencializará a articulação da PZZ com a SEDUC ao fazer conexões com redes de artistas,
educadores e militantes culturais do Brasil e da América Latina onde poderemos divulgar e estimular
práticas artísticas de alto teor crítico, filosófico, de transformação social que estimulam propostas
coletivas criativas e inovadoras.
A Revista PZZ "Giovanni Gallo e o Museu do Marajó" revelou a Vida e a Obra de Giovanni Gallo, ex-padre jesuíta e criador d’O Museu do Marajó. Com essa edição realizamos duas exposições, a peimeira, no Centro Cultural SESC Boulevard patrocinado pelo Serviço Social do Comércio - SESC-PA e a segunda, aconteceu no Hangar no período das comemorações da XV Feira Pan-Amazônica do Livro patrocinada pela Prefeitura Municipal de cachoeira do Arari e pela Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó.

REVISTA PZZ - ARTE, EDUCAÇÃO E CULTURA

A Revista PZZ sempre apresentou em suas edições a importância de abordar assuntos que provoquem a reflexão, o conhecimento e a inovação na criação simbólica e estética. Muitos nomes e temas de importância fundamental para conhecermos a arte, a cultura, a comunicação e a história brasileira, divulgamos em nossas paginas para o publico em geral. Por isso, o reconhecimento de instituições nacionais e internacionais, certificando um intenso trabalho de pesquisa, documentação, interação, reprodução, reprodutibilidade e inovação artística editorial.

A REVISTA PZZ publicou 11 edições com os seguintes temas:


Edição Revista PZZ 1:

Documentários: O Inferno Modernista de Angelus Nascimento por Vicente Salles.

Os arquivos Secretos da Ditadura.

Marujada-Bragança , por Janduari Simões.



Edição Revista PZZ 2:

Poesofia: Sidney Pinõn.

O Som da Mata de Albery Albuquerque por Carlos Pará;

Ensaio Fotográfico:

Os pescadores do entorno da cidade de Óbidos por Janduari Simões,

Entrevista: Terra de Ninguém com Klester Cavalcante,



Edição Revista PZZ 3:

O Niilismo e o Pensamento Poético por Benedito Nunes,

A Literatura após a 2a Guerra Mundial por Carlos Pará ;

Contos: (A feiticeira) Inglês de Souza ,

Cinema: Mazagão: O último Lugar de um mito por Zenito Weyl;

Paulo Plínio Abreu,

Rotas (Rodovia Transamazônica) de Paula Sampaio com texto crítico de Mariano Klautau ;

Teatro: Norte Teatro Escola, Visages D'Amazonia Anick Makouvert (Caiena),



Edição Revista PZZ 4:

Tempos de Resistência por Paulo Roberto Ferreira,

Crítica: O Fim da Filosofia por Benedito Nunes,

Em nome da Segurança Nacional por Renato Tapajós,

À Luz do Sol-30 Anos de PP Condurú (arte) ,

A Luta pela Meia Passagem por Paulo Santos;



Edição Revista PZZ 5:

Poesofia- Mário Faustino,

Imprensa, Idéias e Poder: O Surgimento da Imprensa no Pará por Geraldo Mártires Coelho,

Guerrilha do Araguaia ( O pesadelo da história),

Eu sou a porta aberta que homem algum pode fechar José Moraes Rego por Acácio Sobral,

20 anos da Casa do Gilson exposição coletiva de 07 fotógrafos,



Edição Revista PZZ 6:

O Chão Vermelho de Dalcídio Jurandir ;

Moçambique por Chico Carneiro,

Filhos dos Trombetas por Elza Lima,



Edição Revista PZZ 7:

Rafael Lima- Visceral-  Os bastidores de um músico amazônico internacional ;

O Sol do Meio-Dia A Resistência da música autoral nos anos de 1970 em Belém do Pará por Carlos Pará,

(O Prédio) Jossette Lassance,

A Poética Política de Charles Trocate,

Guiné Bissau: Imagens Brasileiras, do antropólogo Hilton Silva,



Edição Revista PZZ 08: / 2010

Ismael Nery- O Poeta do Essencialismo por Cláudio de La Roque Leal;

O Fim da Arte por Almandrade,

Artigo de Célia Maracajá e Luis Arnaldo Campos, sobre o encontro de povos indígenas na cidade de Puno no Perú (Aby-Ayala)

A Poesofia de Ismael Nery.



Edição Revista PZZ 9: / 2009: Reedição da Edição Especial “ O Chão Vermelho de Dalcídio Jurandir”



Edição Revista PZZ 10: / 2010

As Cores de Belém por George Wambach por Aldrin Figueredo;

Kinemandara: O Ponto de Mistério do cinema de Vicente Franz Cecim por Carlos Pará;

Cenas de Belém por Arnold Souza



Edição Revista PZZ 11: / 2011

Giovanni Gallo e O Museu do Marajó

O Marajó – Elza Lima



Edição Revista PZZ 12: / 2011

Lu Guedes

Juliana Sinimbú

Pio Lobato

Delcley Machado

Daime Soul por Elielton Amador

Tony Soares por Vivia araújo

Suzana Flag

Madame Saatan por Sammiliz Samm

Ensaio Fotográfico – por Renato Reis

D. Onethe – A Musa do Carimbó Chamegado por Carlos Pará

Mestre Laurentino por Gil Sóter

Brega Universitário por esperança Bessa

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